Apesar deste filme se chamar O leopardo, o animal em questão não é um leopardo, foi um erro de tradução deliberado, o leopardo foi escolhido talvez por que soasse legal, pois o animal, de fato, era o gattopardo, um animal comum no deserto do saara que é símbolo da família aristocrática do livro e filme respectivamente.
O caso é que este filme trata de uma série de questões históricas, unificação da Itália, e queda da aristocracia, acredito que o tema interessou a Visconti por ser ele próprio um aristocrata. O autor do livro que deu origem ao filme, Giuseppe Tomasi di Lampedusa, era também de uma família aristocrática e escreveu a obra baseada em documentos históricos de sua família, assim como nos diários de um antepassado que viveu no período do “risorgimento” (para quem não sabe isto não é um erro de português e sim uma palavra italiana, como não tenho tempo de explicar procure o significado no google).
O filme se passa em uma Itália ainda por se unificar, nesse contexto o príncipe da casa Salina observa atentamente as mudanças que acontecem ao seu redor, ele percebe o quanto sua estirpe, a nobreza, tem perdido poder e status para uma nova classe social, a burguesia, que vem se afirmando cada vez mais.
Este é um dos melhores, se não, o melhor filme de Visconti, sem dúvida é o mais aclamado junto com Morte em Veneza.
Muito pode ser dito sobre esse filme, porém o que mais marcou pra mim nele foi somente um detalhe...
Cláudia Cardinale.
Antes de assistir O leopardo, nunca tinha ouvido falar dela, porém depois que a vi me convenci de que nenhuma outra atriz, atualmente, possui a presença que Cláudia costumava ter. Tive a oportunidade de assistir a outros filmes dela para me certificar de que tamanha presença era um mérito dela e não de Visconti, e pude chegar à conclusão de que era mesmo ela, Cláudia, a única responsável por exercer tamanho fascínio.
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| Se eu fosse bonita assim conquistava até Brad Pitt |
Cláudia em seus anos dourados possuía um olhar negro e penetrante, é um olhar profundo desses de se perder dentro, e é claro que eu prefiro assistir a seus filmes antigos, pois infelizmente o tempo é implacável, e atualmente Claudia não guarda nada da beleza descomunal que tinha quando O leopardo foi filmado.
Eu prefiro Cláudia a Brigitte Bardot, que em minha opinião fazia sempre um estilo meio biscate, igual à Marilyn Monroe. Morenas como Claudia Cardinale tinham a classe, o charme e a elegância de um tempo que não volta mais.
Porém apesar de meu favoritismo em relação à Cláudia, o filme não é somente ela não. Tem também a presença marcante de Burt Lancaster e do na época, viril, talentoso e gostoso, Alain Delon (há eu com esse homem)...
Este é um filme especial pra mim, o leopardo é a máxima do que para mim seria o estilo de Visconti. Um diretor perfeccionista que tinha amor pelo estético e pela beleza.
Um exemplo do enorme cuidado de Visconti ao fazer seus filmes, foi uma exigência sua para que todas as roupas de baixo do figurino de “o leopardo” fossem feitas com seda pura, e ao ouvir da pessoa responsável pelo figurino o quanto isso seria um desperdício de dinheiro, tendo em vista que ninguém iria ver essas roupas, Visconti respondeu:
- É certo que público não poderá ver essas roupas, porém os atores saberão, e sendo assim, se comportaram como nobres.
Para quem gosta de cinema de qualidade, o leopardo é uma experiência sem igual, que além de proporcionar um maior entendimento de uma importante etapa histórica, garante interpretações magníficas e a possibilidade de encontrar uma era de riqueza e aristocracia, como somente Visconti poderia recriar.






